A Divina Comédia de Dante Alighieri

Pelo caminho entrei alto e silvestre

Publicado em 27 de Março de 2017

 

Quais flores, que fechadas, se abateram da noite ao frio, e, quando o sol aquece, erguem-se abertas na hástia, tais como eram, tal meu valor renova e fortalece: Tanto ardimento o coração me aviva. Que exclamei, como quem jamais temesse: Ó Dama em socorrer-me compassiva!

O poeta tencionava fazer da “Divina Comédia” principalmente uma obra de doutrina e de edificação, uma “Suma” que compreendesse o saber do seu tempo, da ciência à filosofia e à teologia. Por isso o poema é repleto de significados alegóricos e ainda morais.

 

Arquitetura do mundo extraterreno

Sob a crosta terrestre abre-se, no hemisfério boreal, precisamente debaixo de Jerusalém, uma profunda depressão em forma de cone que chega até ao centro da Terra. Foi provocada pela queda de Lúcifer, o anjo rebelde, o qual, efetivamente, se acha cravado no fundo do abismo. As terras que saltaram durante a queda do anjo confluíram no hemisfério austral formando uma ilha constituída por uma montanha cônica no cimo da qual está colocado o Paraíso Terrestre, exatamente nos antípodas, portanto, de Jerusalém, e na fronteira extrema entre o mundo da matéria e o da imaterialidade. (ver imagem gráfica ao final do texto).

Na depressão, que se abisma em novo círculos concêntrico, está situado o Inferno. Os condenados estão disseminados nestes círculos de harmonia com a gravidade dos pecados; e o pecado é tanto mais grane quanto mais violou o homem tem em si de divino. (ver imagem gráfica ao final do texto).

Sobre a montanha cônica do hemisfério austral está situado, por seu lado, o Purgatório. As almas estão distribuídas sobre as ravinas que se escavam no flanco do monte. Sete são são as faixas correspondentes aos setes pecados capitais; com o antipurgatório e o Paraíso Terrestre é atingido o fatídico número nove, que com o número três se encontra na base de toda a disposição da Divina Comédia. Os dois reinos estão ligados por um estreito subterrâneo que do fundo do abismo infernal leva à ilha do Purgatório, no hemisfério aposto (ver imagem gráfica ao final do texto).

O Paraíso encontra-se naturalmente no Céu: onde nove esferas circulam com órbitas sempre maiores e movimento sempre mais rápido, em volta da Terra imóvel, segundo o sistema ptolomaico Acima delas, o fulgurante Empíreo, onde resplende Deus, circundado pelos bem-aventurados triunfantes (ver imagem gráfica ao final do texto).

Transvia-se Dante em uma selva tenebrosa, donde se esforça por sair subindo uma colina. Opõe-se-lhe uma pantera, um leão e uma loba. Aparece Virgílio, que o convida a visitar os reinos eternos, a fim de evitar aqueles perigos, servindo-lhe de guia pelo Inferno e Purgatório, e entregando-o depois à direção de Beatriz, que o conduzirá ao Paraíso, Dante aceita.

 

Inferno

Deixa, o vós, que entrais, toda a esperança!

No meio do caminho da sua vida, Dante, tendo-se perdido numa floresta obscura, tenta em vão subir a uma colina luminosa: três feras, que simbolizam as concupiscências humanas, impedem-lhe o passo. Virgílio aparece ao poeta e propõe-lhe um outro caminho para chegar à contemplação de Deus (o cume luminoso), um áspero e terrível caminho que atravessa os reinos do além-tumba.

 

O Purgatório

Revigora-se Dante e prossegue na jornada com ânimo resoluto.

Um instintivo respirar de alívio no emergir da “aura morta” e no reencontrar, acima de si, o Céu, “doce cor de oriental safira”. Graças a Deus, tudo é diverso no Purgatório: a paisagem, a atmosfera, a luz que chove do alto. Desaparecidos o ódio, a rebelião, o crime. Enquanto as personagens infernais eram visceralmente ligadas à vida vivida na Terra, aos pecados que ainda reviviam e que reviveriam por toda a eternidade, os penitentes do Purgatório, afastados das vicissitudes terrenas, encontram-se ansiosamente tendidos para a sua futura união com Deus. As tragédias sofridas na Terra estão já muito afastadas, transfiguradas: já não fazem bater o coração.

 

O Paraíso

Vamos: longa a jornada exige pressa.

O Paraíso é o canto da beatitude, da consonância da vontade dos bem-aventurados com a de Deus. É também o canto das dissertações teológicas, das doutas explicações que Dante recebe da sua dama e de outros eleitos. Mas principalmente é o canto da luz, uma luz que resplende, que irradia, flameja, palpita onde quer que seja, sobre as figuras dos bem-aventurados, nos olhos de Beatriz, sobre as esferas que se movem nos céus, e que se torna tanto mais ofuscante quanto mais se sobe para a visão de Deus.

 

No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.

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Fontes e Referências

Livro: A Divina Comédia, de Dante Alighieri

 

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