A Lua na astrologia e outras referências

Indo além do horóscopo de jornal

Publicado em 23 de Junho de 2019

 

Alguns significados registrados nos livros místicos germânicos são publicados em versos frívolos, que parecem arbitrários, tais como: “Vens bebendo demasiado da videira, portanto, vais encontrar tristeza”. Esses sistemas têm mais em comum com os biscoitos da sorte, criados como um passatempo leve, do que com uma divinação séria.

 

Nos tempos de hoje, é comum encontrarmos pessoas que acreditam ou pelo menos simpatizam com a astrologia. Nos horóscopos de metrô, em perfis dos “astros influencers” ou em postagens de pessoas comuns nas redes sociais, a menção sobre a posição da Lua tem um destaque especial. Quem nunca ouviu ou leu expressões como “eu tenho a Lua em câncer, por isso eu sofro desse jeito”; ou então “eu tenho a Lua em escorpião, por isso sou assim intensa e sensual”.

Além disso, há aqueles que dão demasiada atenção e valor para outros astros, como Mercúrio, Saturno, Júpiter ou Marte, quase como se esses astros fossem mais fortes que o próprio Sol. É comum vermos por aí lamentações que vão do “Mercúrio retrogrado” ao “retorno de Saturno”.

Nesse texto, vamos nos aprofundar nesses símbolos e entender como o Sol e a Lua são os principais (ou deveriam ser) astros na hora de se estudar, crer ou simpatizar com a ideia da Astrologia.

Observação: esse texto é apenas informativo para aqueles que querem ir além da astrologia de bolso, rasa, e mergulhar em um conhecimento expandido sobre essa arte milenar dos segredos presentes na observação dos astros do céu. Escrevo para que sirva como uma ferramenta de aprendizado. Desculpo-me antecipadamente caso sua crença seja ofendida, pois esse não é o intuito.

 

Introdução

Os corpos celestes que exercem os maiores efeitos físicos e psíquicos sobre a Terra são o Sol e a Lua. Os efeitos dos outros planetas são diminutos em comparação a esses e, praticamente, não têm relação com as fantásticas atribuições de deuses antigos.

A astrologia, assim como qualquer outro corpo de conhecimento, busca expandir-se, mas ao fazê-lo indiscriminadamente tornou-se vaga e imprecisa. Os planetas, de fato, influenciam a Terra, mas os efeitos são indiretos, pois eles nos afetam ao afetar o Sol — e muitos desses efeitos são extremamente pequenos.

A Lua não brilha por conta própria, mas por meio da luz refletida do Sol. Ao serem refletidas pela Lua, as radiações solares passam por uma alteração em suas propriedades. Ao alcançarem a Terra lançam sobre tudo o que tocam aquele misterioso e familiar brilho prateado.

Antes dos dias do abuso massivo de tranquilizantes para uso psiquiátrico, hospitais mentais tornavam-se uma balbúrdia em noites de Lua cheia. Afinal, a forte luz da lua exerce um efeito psicofísico energético sobre as diversas formas de vida vegetal e animal, influenciando o crescimento e comportamento delas.

Há poucas coisas mais revigorantes do que banhos de Lua, mas se a energia não for canalizada para algo de útil, pode vir a intoxicar e transtornar o observador da Lua.

Longe da civilização, o ciclo menstrual feminino sincroniza-se com as fases da Lua. A passagem do sangue costuma ocorrer na lua nova, mas pode ocorrer na lua cheia. A ovulação necessariamente ocorre na fase oposta. Na época da menstruação, a mulher está em sua fase mais fisicamente poderosa e clarividente.

Muitas autoridades consideram que a lua cheia é a época para trabalhos de magia benéfica, cura, fertilidade e ganhos, e que sua fase escura é a época para feitiçarias malignas. Essa é uma verdade parcial. Todos os trabalhos mágicos funcionam um tanto melhor na lua cheia, pois há mais energia psíquica por toda a parte. Nessa fase, a magia danosa costuma exercer os piores efeitos sobre as vítimas, pois todos estão em um momento de declínio; mas, em compensação, o ataque também precisa ser executado em uma situação de menos energia.

O ciclo anual das estações exerce efeito psíquico considerável por meio da ação da vida vegetal e animal; os ritmos anuais de sexo, crescimento, morte e apodrecimento criam uma corrente psíquica correspondente que pode, provavelmente, explicar a maior parte da astrologia ligada a signos solares, além de facilitar diversos tipos de magia em certas épocas. Energias primaveris auxiliam em trabalhos benéficos, como cura, amor e fertilidade; energias outonais ajudam com trabalhos de necromancia, morte e escuridão.

Um conhecimento de ciclos astronômicos e temporais não deve agir como uma influência restritiva na atividade mágica. Pelo contrário, deve servir para sugerir épocas nas quais essas artes possam ser praticadas com eficiência acima do normal.

 

Vamos relembrar como a astrologia deve ser compreendida

A premissa filosófica sobre a qual a astrologia se baseia é a de que a realidade de uma pessoa brota de sua paisagem interior de pensamentos, sentimentos, expectativas e crenças.

É a de uma astrologia que preserva a dignidade essencial e o valor da psique individual, e na qual as casas, não menos do que os signos e os planetas, estão tanto dentro como fora, cheias de significados para o indivíduo, em vez de permanecerem em lugares ou acontecimentos estáticos na vida sem nenhuma conexão com a alma.

Sua capacidade de abrir as portas para uma pessoa e mostrar-lhe como uma atitude pode estar moldando uma vida exterior e, em consequência, isso pode moldar uma qualidade diferente de vida. Uma astrologia que não observa isso, deixa de ser criativa e se torna bastante vaga, a não ser como método para justificar saídas pelas quais o indivíduo não quer assumir responsabilidades (olha aí o mercúrio retrógrado te atrapalhando, e não sua falta de disciplina e prudência).

A nossa volta, na natureza, a vida se revela conforme desígnios internos. Um botão de rosa se abre em uma rosa, uma semente de carvalho cresce em um carvalho e de uma lagarta em seu casulo emerge uma borboleta. É irracional pretender que os seres humanos partilhem essa qualidade com o resto da criação — que nós, também nos revelamos de acordo com os planos interiores.

O conceito de que cada um de nós tem uma ordem primordial de potencialidade ansiando por realização é muito antigo. Santo Agostinho escreveu que “há alguém dentro de mim que é mais eu do que eu mesmo”. Aristóteles usou a palavra intelecto para se referir à evolução e ao completo desabrochar de algo originalmente em estado potencial. Junto com intelecto, Aristóteles também falou de essência como qualidade que não se pode desperdiçar sem deixar de ser si mesmo. Da mesma maneira, a filosofia oriental aplica o termo dharma para designar a identidade intrínseca e a latente forma de vida presente em nós todos desde o nascimento. É dharma da mosca zumbir, do leão rugir e de um artista criar. Cada uma destas formas tem sua própria espécie de verdade e de dignidade.

A moderna psicologia atribui diversos nomes à eterna questão de “ser aquilo que se é realmente” — o processo de individuação, a autor realização, auto atualização, o autodesenvolvimento etc. Seja qual for o rótulo que receba, o sentido oculto está claro: todos nós possuímos certos potenciais e capacidades intrínsecas.

Não é só aquilo que temos de passar na vida, mas em um nível instintivo, aquilo que sabemos que a vida é.

O psicólogo Rollo May escreveu: “Quando a pessoa nega suas potencialidades e falha em realizá-las, sua condição é de culpa”. Teólogos interpretaram o quarto pecado capital, a preguiça ou “accidia”, como “o pecado de falhar ao fazer de nossa vida aquilo que sabemos que poderíamos fazer dela”.

Pode-se dizer, aliás, que não é o evento que acontece à pessoa, mas a pessoa que acontece ao evento (Dane Rudhyar).

Existem três ingredientes básicos que se combinam para formar uma teoria astrológica: os planetas, os signos e as casas. Os signos representam doze qualidades de ser ou doze atitudes perante a vida. As casas, no entanto, mostram áreas específicas da vida de cada dia ou em que campos de experiência tudo isso está acontecendo. Uma avaliação correta dos signos e cada uma das doze casas pode nos orientar com vistas à nossa verdadeira identidade, iluminando o caminho para a nossa autodescoberta e a revelação do nosso plano de vida.

Muitos livros sobre astrologia se detêm no significado exterior de cada casa e negligenciam seu princípio básico mais sutil e fundamental. A menos que a essência do significado de uma casa seja alcançada, a verdadeira essência dessa casa fica perdida. Por exemplo, a 11ª Casa é normalmente conhecida como a “casa dos amigos, de grupos, das esperanças e dos desejos”. À primeira vista, isso pode parecer estranho — o que amigos e grupos têm a ver com esperanças e desejos? Por que todas essas coisas estão englobadas debaixo de uma mesma casa?

No entanto, quando o princípio mais profundo e básico da casa é explicado, a conexão torna-se clara. O centro da 11ª Casa é “a pressão para nos tornarmos maiores do que já somos”. Fazemos isso ligando-nos a algo maior do que o nosso eu separado — alinhando-nos com amigos e círculos sociais, reunindo grupos, nos identificando com o causas que nos tirem de dentro de nós e nos englobem em um esquema mais amplo de coisas. Mas o desejo de sermos maiores do que já somos também tem de ser acompanhado pela capacidade de considerar novas e diferentes possibilidades. Em outras palavras, esperar e desejar algo nos transporta para além das imagens e dos modelos existentes de nós mesmos. Antes de termos um sonho realizado precisamos ter um sonho. Entendida dentro do contexto do desejo que temos de ampliar nossa esfera de experiência já existente, a classificação da 11ª Casa como sendo a dos “amigos, grupos, das esperanças e desejos” começa a ter sentido no relacionamento entre eles.

 

Como a Lua é interpretada na astrologia

Como vimos, a Lua no céu não tem luz própria, ela apenas reflete a luz do Sol. Diferentemente do Sol, que mostra onde se requer esforço para se tornar um indivíduo consciente, a Lua é aquela área da vida em que existe uma tendência natural para se curvar e se adaptar ao que é oferecido. A casa da Lua é onde somos sensíveis e simpáticos às necessidades e influências de outras pessoas. É onde somos mais facilmente moldados, dispostos a hábitos e condições do passado e também a sermos restringidos pelas noções, expectativas, valores e padrões de nossa família e cultura. Alguns desses conceitos inatos podem ser valiosos e construtivos, enquanto outros poderiam prejudicar ou atrasar o progresso em novas direções. O domínio da Lua é a área da vida na qual nos refugiamos quando precisamos de descanso, de uma pausa ou de um santuário para o esforço de individualização e para a abertura da consciência.

A Lua é o nosso lado emocional.

A posição da Lua revela as nossas características mais íntimas, a forma como agimos, sentimos e como cuidamos dos nossos relacionamentos. Demonstra também nossos gostos (principalmente quando estamos em nosso ambiente íntimo e privado), a nossa resposta subconsciente, a nossa natureza e controle emocional e o nosso funcionamento psíquico e intuitivo.

A Lua no céu passa por fases e ciclos; algumas vezes ela está cheia e aberta; outras está fechada e escondida. Da mesma maneira, a posição de cada fase da Lua indica quando estamos mais aptos a encontrar situações duvidosas, quando passamos por fases, dependendo de nossas mudanças de humores, às vezes, abertos e vulneráveis e, outras, fechados e afastados. Podemos mostrar um comportamento regressivo, infantil e inseguro nesta área. Certamente, é onde ficamos em contato com o lado instintivo e emocional da vida e onde tendências e memórias úteis que mantém a existência são mostradas. As mulheres podem ter um papel importante em nossas vidas pelo posicionamento de casa da Lua, um princípio básico feminino ou anima.

 

A Lua nas 12 casas do Zodíaco

A Lua na 1ª casa

Qualquer planeta na 1ª casa é ampliado como se seu volume tivesse crescido de acordo com esse princípio. A Lua nesta posição energiza as respostas emocionais, instintivas e sentimentais do indivíduo. A não ser que esteja fortemente modificada por outros aspectos do mapa, a pessoa vai irradiar qualidades lunares (sensibilidade, receptividade e uma espécie de abertura infantil para as quais os outros são naturalmente atraídos). A Lua na 1ª casa confere uma inteligência quase animal, sabendo instintivamente o que fazer em certas situações. Será possível “farejar” uma oportunidade, “sentir” o perigo ou “ouvir” uma encrenca.

A Lua na 2ª casa

Enquanto o Sol na 2ª casa aumenta seu sentido de identidade e poder através do dinheiro e de posses, a Lua na 2ª casa se contenta com a segurança emocional que estas coisas trazem. O Sol precisa encontrar seu próprio sistema de valores, mas quem tem a Lua aqui pode engolir todo o sistema de valores da família de origem ou daqueles que o cercam. O Sol projeta prestígios nas posses, a Lua projeta sentimentos naquilo que se tem. Pode haver um apego sentimental a objetos, especialmente quando herdados da família ou ligados à memória, a pessoa-chave ou situações de vida. Assim como a mudança da Lua nos céus, as circunstâncias financeiras também tendem a flutuar.

A Lua na 3ª casa

Enquanto o Sol invade a cena e quer criar uma forte impressão no ambiente, a Lua nesta casa reflete e é abafada pelo ambiente. Como existe a habilidade de “sentir” o que outros estão pensando, quem tem esse posicionamento pode ter certas dificuldades em distinguir entre seus próprios pensamentos e o que os outros ruminam ao seu redor. Às vezes, eles podem acreditar que estão sendo objetivo e racionais quando na verdade estarão reagindo com base em algum complexo emocional. As situações serão pintadas de acordo com o seu humor e sua sensibilidade. Se têm um quadro positivo em mente, interpretarão tudo de forma positiva. Se se sentem tocados ou vulneráveis, o mesmo ambiente vai ter uma interpretação bem diferente.

A Lua na 4ª casa

Enquanto o Sol na 4ª casa se esforça por livrar-se de uma maior identificação com a família, a Lua na 4ª casa encontra segurança e um sentido de fazer parte dela dentro dessa estrutura. O refúgio das batalhas da vida é questionado voltando-se para o lar. Mesmo tendo uma família própria, quem tem este posicionamento pode fazer as malas e voltar para sua família de origem quando se apresentam dificuldades. Eles têm necessidades de um lar como uma espécie de retiro e santuário e, por isso, estão sempre muito ligados aos acontecimento e às mudanças da atmosfera nesse ambiente, embora nem sempre consigam demonstrar seus sentimentos aos outros. Muitas vezes, quando a vida os pressiona demais, eles voltam aos padrões de comportamento da primeira infância. Às vezes, a Lua de 4ª casa movimenta-se sem parar procurando um lar ou mesmo um país no qual se sinta mais segura ou no qual se sinta mais à vontade. Está é, às vezes, a condição dentro do lar que flutua.

A Lua na 5ª casa

O Sol na 5ª casa força e reforça sua individualidade com hobbies, romances e expressões criativas; quem tem a Lua nesta casa, no entanto, fixa-se nessas mesmas saídas em busca de conforto, segurança e tranquilidade. Enquanto o Sol de 5ª casa briga para ser criativo, uma Lua de 5ª casa se sente mais “em casa” criando. A expressão artística é inata e natural. Um senso inerente de importância e de ser especial permite que essas pessoas se divirtam; elas não têm de provar nada. É claro que os aspectos da Lua devem ser examinados para ver com que grau de facilidade ou dificuldade esse princípio opera. Muitas vezes, quem tem a Lua na 5ª casa chama bastante a atenção do público. A maneira como se apresenta é agradável, envolvente e, na maioria das vezes, não ameaça as pessoas, como se houvesse algo vagamente conhecido a seu respeito.

A Lua na 6ª casa

Quem tem esse posicionamento encontra segurança e conforto cuidando da rotina diária e provendo as necessidade do corpo. Rituais diários, tais como fazer o café da manhã, tomar o chá das quatro e tomar banho antes de se deitar, dá a eles a sensação de continuidade e de bem estar.

A saúde física e seu funcionamento e cooperação com as contingências de cada dia tendem a variar conforme o humor. Os aspectos que a Lua recebe nessa casa revelam com quanto êxito uma pessoa é capaz de enfrentar os tipos de ansiedades que surgem no dia a dia.

A Lua na 7ª casa

Quem tem a Lua na 7ª casa pode ser sensível e adaptável demais às necessidades de seu companheiro, derivando em demasia suas identidades daquilo que a outra pessoa quer que eles sejam. Inversamente, podem estar procurando uma mãe em seus companheiros. Modelos emocionais do início da vida com a mãe podem ser projetados no companheiro, nublando uma percepção objetiva da realidade do aqui-e-agora. Pensa-se em casamento pela segurança que oferece e pela promessa de um lar confortável, além de uma família que dá à pessoa uma sensação de fazer parte de algo. A Lua não se importa muito em ser um indivíduo separado. Casar-se é o que a maioria das pessoas faz; então, por que eles não devem fazer o mesmo?

A natureza flutuante da Lua tende a se manifestar de vários modos. Quem tem este posicionamento pode ter muitas mudanças de humor e de sentimentos com relação ao relacionamento. Em alguns casos, a Lua na 7ª casa descreve um parceiro incansável e emocionalmente instável.

A Lua na 8ª casa

Esta posição propicia uma abertura e uma sintonia inatas com forças ocultas que operam pessoal ou coletivamente; elas tendem a se expressar como a habilidade de sentir a evolução de tendências sociais especificamente às ligadas à economia ou ao comércio. No entanto, quem tem a Lua nesta posição pode, eventualmente, confundir ou “ser tomado” por poderosos complexos inconscientes que os agarram e os oprimem. Se a Lua recebe aspectos difíceis, divórcios, finalizações ou separações podem ser desordenadores e combatidos com um grau maior de ansiedade, se bem que incomensuráveis recursos e forças poderiam ser descobertos nessas crises e colapsos.

A Lua na 9ª casa

A Lua na 9ª casa, muitas vezes, exibe uma habilidade incrível de predizer o rumo para onde os acontecimento estão evoluindo. Há uma receptividade natural para os domínios da filosofia e da religião e uma compreensão intuitiva para conceitos e símbolos. O sentimento dá acesso a tudo aquilo que a mente não pode compreender racionalmente. Mesmo que as pessoas que têm este posicionamento confiem em uma fé herdada via família ou cultura, elas têm a habilidade de adaptar a filosofia a influências e condições cambiantes. Elas tendem a se sentirem mais à vontade quando contemplam o significado da vida, quando rezam em uma igreja ou quando estão prestes a embarcar em um avião, em uma nova aventura ou em um novo empreendimento.

Sua maneira de cuidar dos outros pode ser compartilhando descobertas no campo da filosofia ou da espiritualidade ou, então, inspirando discípulos em potencial com novas esperanças, novas visões, significados e diretrizes. A imagem de Deus tende a adotar uma tendência matriarcal, se bem que isso vai ser muito bem pintado pelo signo da Lua e seus aspectos.

A Lua na 10ª casa

Quando crianças, nosso bem-estar depende do amor de nossa mãe. Quem tem a Lua na 10ª casa projeta a “mãe” no mundo: nossas necessidades de abrigo e segurança estão ligadas à profissão e ao status. Tratam-se de pessoas extremamente sensíveis no que diz respeito à sua reputação, à sua situação diante do público e a respeito daquilo que os outros pensam delas em geral. Não importa quão maduras e autossuficientes possam parecer, dentro delas está um menininho ou menininha olhando para a mãe/mundo e pedindo para ser amado(a). A pessoa com Lua na 10ª casa, muitas vezes, mostra através de gestos e movimentos uma íntima identificação com a mãe. Quando crianças, são excepcionalmente reativas à vida física e emocional.

A Lua na 11ª casa

Quem tem a Lua na 11ª casa procura segurança, conforto e uma sensação de estar integrando algo através dos amigos, grupos e organizações. Essas pessoas tendem a ser muito impressionáveis e deveriam fazer uma seleção mais rigorosa na escolha de amigos ou nos círculos aos quais se associam. A menos que a lua esteja bem fixa, elas têm a capacidade de se misturar com diversos grupos.

Eles gostariam de “ser uma mãe” para os amigos e esperam receber dos outros uma boa dose de ajuda e alimentação quando necessitarem. Algumas gostam de conservar os amigos de infância. Muitas pessoas com a Lua na 11ª casa se envolvem em atividades grupais e em passeios sociais como forma de relaxar e de deixar para trás os aborrecimentos das outras áreas da vida. Outras se ligam a grupos que promovem causas com as quais elas se emocionam. Metas e ambições flutuam conforme o humor e são, talvez, facilmente influenciáveis pelas opiniões de outras pessoas sobre o que seria melhor para elas.

A Lua na 12ª casa

Como a Lua nas outras casas de água, este posicionamento sugere uma abertura psicológica e uma vulnerabilidade inatas. Existe uma linha muito tênue entre aquilo que as pessoas estão sentindo e o que os outros ao seu redor sentem. Como aspiradores de pó psíquicos, elas sugam o que está boiando na atmosfera. Podem acreditar que estão sentindo suas próprias emoções quando, na verdade, absorvem as de outrem. Sem preceder sua inata receptividade, elas deveriam saber desenvolver maneiras de aumentar as fronteiras de seus egos, a fim de se protegerem de uma invasão excessiva. Elas precisam dominar sua sensibilidade em vez de serem sufocadas por ela. Algumas terão necessidade de reclusões periódicas para restabelecer sua paz interior e seu equilíbrio.

Em geral, a Lua na 12ª casa indica um desejo bastante intenso de regressar a uma existência feliz como a intrauterina. Quem teve duras experiências pré-natais ou quem foi privado da mãe ainda em tenra idade pode ter de cicatrizar tais feridas antes de conseguir aceitar uma encarnação e dizer sim à vida.

Do lado positivo, a Lua na 12ª casa indica, muitas vezes, um acesso direto a um grande depósito de sabedoria ao alcance da pessoa na hora em que sua visão intuitiva e os recursos internos são mais necessários. Alguns atuarão como recipientes para mediar imagens míticas ou arquetípicas para os outros. William Blake com a Lua na 12ª Casa é o exemplo disso. Ele acreditava que o artista, não o sacerdote, é o nosso laço mais forte com Deus. Blake elaborou seu papel como mediador em seu poema Jerusalém. “Não descansarei enquanto não cumprir minha grande tarefa. Abrir os Mundos Eternos, abrir os imortais olhos dos Homens para dentro dos Mundos do Pensamento.”

 

A Lua na mitologia grega

Hécate, também chamada de Perséia, era filha dos titãs Astéria — a noite estrelada — e Perses — o deus da luxúria e da destruição — , mas foi criada por Perséfone — a rainha dos infernos. Antes, Hécate morava no Olimpo, mas despertou a ira de sua mãe quando roubou-lhe um pote de carmim. Então, fugiu para a Terra e, tornando-se impura, foi levada às trevas para ser purificada. Vivendo no Hades, ela passou a presidir as cerimônias e rituais de purificação e expiação. Hécate em grego significa “a distante”.

Tinha características diferentes dos outros deuses mas Zeus atribuiu-lhe prestígio. Após a vitória dos deuses olímpicos contra os titãs, a titânomaquia, Zeus, Poseidon e Hades partilharam entre si o universo. A Zeus coube o céu e a terra, a Poseidon coube os oceanos e Hades recebeu o mundo das trevas e dos mortos. Hécate manteve os seus domínios sobre a Terra, os céus, os mares e sobre o submundo, continuando a ser honrada pelos deuses que a respeitavam e mantiveram seu poder sobre o mundo e o submundo.

Ela é representada ora com três corpos ora com um corpo e três cabeças, levando sobre a testa uma tiara com a crescente lunar, uma ou duas tochas nas mãos e serpentes enroladas no pescoço. Suas três faces simbolizam a virgem, a mãe e a velha senhora. Tendo o poder de olhar para três direções ao mesmo tempo, ela podia ver o destino, o passado que interferia no presente e que poderia prejudicar o futuro. As três faces passaram a simbolizar seu poder sobre o mundo subterrâneo, ajudando a deusa Perséfone a julgar os mortos.

 

Para os romanos, era considerada Trívia — a deusa das encruzilhadas. Associada ao cipreste, Hécate se fazia acompanhar de seus cães, lobos e ovelhas negras. Por sua relação com os encantamentos, feitiços e a obscuridade, os magos e bruxas da antiga Grécia lhe faziam oferendas com cães e cordeiros negros no fim de cada lua nova. Também combateu Hércules quando ele tentou enfrentar Cérbero, o cão guardião do inferno com as três cabeças que sempre lhe acompanhavam.

O tríplice poder de Hécate se estendia do inferno à terra e ao mar. Ela rondava a terra nas noites da lua nova e no mar tinha seus casos de amor. Considerada uma divindade tripla: lunar, infernal e marinha, os marinheiros consideravam-na sua deusa titular e pediam-lhe que lhes assegurasse boas travessias. O próprio Zeus lhe deu o poder de conceder ou negar qualquer desejo aos mortais e aos imortais. Foi Hécate quem ajudou Deméter quando ela peregrinou pelo mundo em busca de sua filha Perséfone.

Quando Perséfone, a amada filha de Deméter foi raptada por Hades — o senhor do submundo — enquanto colhia flores, sua mãe perambulou em desespero por toda a Terra. Senhora dos cereais e alimentos, a grande mãe Deméter mortificada pela tristeza, privou todos os seres de alimento. Nada nascia na terra e Hécate, sendo sábia e observando o que acontecia, contou a Deméter o que havia sucedido a Perséfone.

Zeus decidiu interferir e ordenou que Perséfone regressasse para junto de sua mãe, desde que não tivesse ingerido nenhum alimento nos infernos. Porém, antes de retornar, Perséfone comeu algumas sementes de romã, o fruto associado às travessias do espírito. Assim, ele podia passar duas partes do ano na superfície junto da Mãe (quando a terra florescia). Mas Perséfone deveria retornar para junto de Hades uma parte do ano (quando a terra cessava de florescer).

Hécate espalhava sua benevolência para os homens, concedendo graças a quem as pedia. Dava prosperidade material, o dom da eloquência na política, a vitória nas batalhas e nos jogos. Proporcionava peixe abundante aos pescadores e fazia prosperar ou definhar o gado. Seus privilégios se estendiam a todos os campos e era invocada como a deusa que nutria a juventude, protetora das crianças, enfermeira e curandeira de jovens e mulheres.

Acreditava-se que ela aparecia nas noites de Lua Nova com sua horrível matilha diante dos viajantes que cruzavam as estradas. Ela era considerada a deusa da magia e da noite em suas vertentes mais terríveis e obscuras. Com seu poder de encantamento, também enviava os terrores noturnos e espectros para atormentar os mortais. Frequentava as encruzilhadas, os cemitérios e locais de crimes e orgias, tornando-se, assim, a senhora dos ritos e da magia negra. Senhora dos portões entre o mundo dos vivos e o mundo subterrâneo das sombras, Hécate é a condutora de almas e as Lâmpades, ninfas do Subterrâneo, são suas companheiras.

Com Eetes, Hécate gerou a feiticeira Circe — a deusa da noite que se tornou uma famosa feiticeira com imenso poder da alquimia. Segundo a lenda, a filha de Hécate elaborava venenos, poções mágicas e podia transformar os homens em animais. Vivendo em um palácio cheio de artifícios na Ilha Ea ou Eana, no litoral da Itália, Circe se tornou a deusa da Lua Nova ou Lua Negra, sendo relacionada à morte horrenda, à feitiçaria, maldições, vinganças, sonhos precognitivos, magia negra e aos encantamentos que ela preparava em seus grandes caldeirões.

 

Gostou do texto? Gostaria muito de saber sua opinião ou feedback.

Se você tiver qualquer dúvida pode me enviar um e-mail para diogenesjunior.ti@gmail.com.


A Lua Aleiter Crowley As Doze Casas astrologia Hecate horóscopo Howard Sasportas Lua referências

Fontes e Referências

Hécate: A lenda da deusa dos caminhos, Diogenes Junior e Lucia Belo Horizonte https://www.trilhasnouniverso.com.br/hecate/;

As Doze Casas, Uma interpretação dos planetas e dos signos através das casas, Howard Sasportas;

A Lua na Astrologia segundo Aleiter Crowley, Frater Goya (Anderson Rosa), http://cih.org.br/cih_new/?p=1257

Obrigado Ingrid Pereira pela revisão do texto.

 

Sígilo Diogenes Junior

Tem alguma dúvida, ou apenas enviar um feedback? Me envie um e-mail para contato@diogenesjunior.com.br