Arcanos Menores: Os Quatros

Perfeição, Realização, Conclusão, Resolução de um problema.

Publicado em 14 de Novembro de 2015

 

Os ases, como forças primordiais, encontraram uma oposição (2) que resultou num equilíbrio entre opostos, equilíbrio este que modificou e comensurou a força primordial original (3).

Segundo Nei Naiff, neste momento (arcanos de número 4) chega-se à fase secundária. A fase primária (ases, dois e três) fala dos movimentos iniciais de um desejo e/ou realização. Agora, na fase secundária, temos de dar continuidade ao que já conquistamos.

Nada vida nada é estático; o Universo é móvel; o ditado diz “não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe”. Aceitar que a vida é uma eterna mudança, um eterno ir e vir, é um dos grandes desafios que temos nesta caminhada pelo Planeta Terra. Quem nunca se viu numa situação tão boa que desejou que nunca acabasse ? Ou tremeu de medo que acabasse ? Ou, pelo contrário, se pegou numa fase tão complicada que não imaginou que um dia iria acabar ?

Aqui temos de nos referenciar ao aspecto inebriante dos arcanos de número 3. É o negócio que começa a dar lucro; o projeto que engrena; a equipe que se entende; o casamento que acontece; o emprego que chega. No 3 tivemos uma conquista, mas pela ordem natural das coisas temos que manter esta conquista, que é a tônica da fase secundária dos arcanos menores (arcanos 4, 5 e 6). E quando dizemos manter, não quer dizer se agarrar, mas saber fazer e aceitar as mudanças inevitáveis do destino, além de manter a chama original (ases) acessa.

No 4 temos então a transição entre a fase primária e a fase secundária. Neste momento, ainda temos as conquistas do passado, mas por imaturidade nos acomodamos, sem objetivos futuros. Temos então uma tendência a se agarrar ao passado, com medo da perda; nos agarrarmos a uma situação para a qual já não há mais futuro por uma questão de comodismo.

No linguajar empresarial e corporativo, esteve na moda um tempo atrás o termo resiliência. Não gosto de modismos corporativos e empresariais, pois são inventados por consultores e administradores para moldar as pessoas, que são plurais, a um padrão único que satisfaça sua cupidez por lucros e suas metas de eficiência, e também muitas vezes para fazerem com que aceitem como certas e modernas mudanças que, na verdade, vão lhes prejudicar a vida. E são modismos, extremamente fugazes — ficam na moda por um tempo, e depois evaporam, mas não sem antes encher os bolsos dos consultores, que são pagos a peso de ouro para prestar consultoria e dar palestras.

Mas o termo resiliência me veio à mente agora. É um termo que vem da Física e significa a capacidade de voltar à forma original depois de sofrer um esforço extremo Ou seja, ser flexível, não fazer frente e entender as mudanças, se adaptar, se moldar, porque senão você pode se quebrar. Este é a mensagem, em forma de desafio, que os arcanos de número 04 nos trazem.

 

4 de Ouros

Senhor do Poder Temporal

 

O 3 de Ouros trouxe sucesso e crescimento. Nos embriagamos neste sucesso e nos agarramos a ele de tal forma que perdemos a alegria de viver e de doar. Não o queremos perder de maneira nenhuma, e a energia fica estagnada. Não arriscamos, não brincamos, não compramos, não ousamos. Nossa autoestima parece depender totalmente daquilo, e trememos de medo em arriscar. É o empresário sovina, que reluta em investir em novos projetos; o chefe agarrado ao cargo, que não dá chances a ninguém; a esposa possessiva que não permite que o marido nem olhe para o lado. Nestes casos é importante uma reavaliação das atitudes, pois quem tudo quer, tudo perde.

 

4 de Copas

Senhor do Prazer Harmonizado

 

O naipe de Copas é extremamente sonhador: o 2 de Copas nos trouxe o outro, o objeto do nosso amor, com o qual sonhamos e idealizamos; o 3 de Copas nos permitiu a consumação, a realização emocional. Mas como Copas sempre age nas nuvens, com os pés longe do solo, o 4 de Copas o traz mais próximo à terra. Neste momento, a realidade mata o romance, e o tédio se instala. O outro, com o qual passamos a conviver mais de perto, perdeu um pouco do seu encanto, e sentimo-nos traídos. Na verdade, tivemos expectativas irreais a respeito deste “outro”, e da negação destas expectativas vem o sentimento de traição e o ressentimento contra este “outro”. Estamos então aborrecidos, entediados, de “saco-cheio”, cheios de dúvidas. É a esposa que percebe que seu marido não é aquele príncipe encantado da época do namoro; é o empregado que murmura contra a empresa, pois o cargo que assumiu não é aquilo que esperava; é aquele curso superior tão sonhado que não atende às nossas expectativas.

 

4 de Espadas

Senhor do Descanso após a Luta

 

A ferida estourou no 3 de Espadas na forma de um conflito aberto e/ou abandono. Com o 4 de Espadas, chegou a hora de sarar as feridas. Para isso, é necessário um recolhimento, pois estamos feridos e magoados. Queremos, e é necessário, estar sozinhos, curtir a fossa, fazer uma reavaliação. Precisamos de um período de solidão e recolhimento. Porém, temos de saber a hora de reagir e acabar com esta fase, pois ela tende a ser estagnante, e podemos ficar “na fossa” por um período maior do que o aconselhável. Já li a respeito que se trata de um arcano muito comum em casos de convalescença.

 

4 de Paus

Senhor do Trabalho Perfeito

 

Chegamos ao mais evolutivo dos naipes. No 3, assentamos as bases sólidas para o futuro, e chegou a hora de aproveitar um pouco. Este arcano sugere recompensa, harmonia, favorecimento, paz, tranquilidade. Podemos até ter dificuldades, mas elas são enfrentadas com serenidade e galhardia. E nossos esforços são reconhecidos, inclusive socialmente. Mas ainda estamos no início da fase secundária, e novos desafios virão.

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Fontes e Referências

 

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