Como identificar um farsante se passando por “coach”(ou qualquer outra P*** dessa)

Um adendo importante antes de tudo. A primeira coisa que precisa saber é que eu tenho certeza que teremos uma chuva de profissionais sérios bravos com este texto e cheio de contra-argumentações com respostas enormes nos comentários. A intenção do texto é alertar as pessoas sobre modelos de sucesso inviáveis.

Não me importo com quem está fazendo um bom trabalho em impulsionar e potencializar pessoas com suas ferramentas, métodos e realidades, a questão aqui é: evidenciar aqueles malandros que simplesmente estão vendendo soluções ineficazes para as pessoas. Certo? Ponto final. Tendo dito isso, vamos continuar…

Em letras garrafais, o cartaz de papel A4 mal pregado no poste escancarava sua escandalosa mensagem: “Força. Você nunca vai ser derrotado!”.

Tratei de frear os passos como quem para um caminhão a força, arranquei com violência os fones dos ouvidos. Boquiaberto, franzi a testa numa desconfiança inabalável sobre a intenção daquilo que via.

Meus olhos, treinados “militarmente” para identificar este tipo de fraude linguística, detectou aquelas palavras como um padre experiente diante de uma blasfêmia eternamente infernal.

Ao fundo, por trás do texto, havia uma imagem de um homem branco vestido com um terno apontando diretamente para mim. Emplacava meu constrangimento. Virei os olhos para cima por um minuto buscando na memória algo que parecia familiar. Lembrei-me que tinha visto aquele nome e aquele rosto num outdoor do aeroporto.

Sorri com um sarcasmo afinado quando identifiquei no rodapé do cartaz, bem no extremo canto esquerdo, redigido com letras menores mas bem visíveis, a decifrável propaganda perniciosa de uma conhecida personalidade do mundo dos gurus de palco que se auto intitula qualquer clichê. Era flagrante. Tive a impressão de estar vivendo ao vivo um post do brilhante @startupdareal

A ideia de uma estabilidade é a mentira mais rentável

Surgiu, nos últimos anos, um discurso que navega na mais alta e perigosa onda e protagoniza uma espécie de “positivismo boboca” vendido às pencas nos celeiros dos desmotivados. Um passe-livre para adultos vividos ingressarem sem pretensão no seu jardim de infância psicológico.

Nunca ganhou-se tanto dinheiro comercializando uma falsa estabilidade emocional inabalável. Capitalizaram a ideia de ser mentalmente invicto como quem negocia um carro zero. Vendem num saldão de soluções, diversos cursos, métodos e materiais que prometem uma possível maturidade notoriamente inalcançável na esfera mental de um humano comum.

Com um exame digno e num simples passo de honestidade, sabemos que não há como esconder a verdade constatável de que todas as pessoas no mundo passam continuadamente por perrengues diversos e situações em que nos tira do controle. Nem sempre damos conta de reagir. E tudo bem.

A vida ordinária, na sua obsessão pela dança dos fatos e acontecimentos, corre o constante risco de deslizar de maneira acidental na sua segurança e causar mudanças repentinas inexplicavelmente indesejadas.

A ideia de ser uma mente invencível é uma das maiores mentiras do mundo. Nenhuma emoção é totalmente domável e apesar de que podemos aprender a lidar com algumas delas, ninguém pode te ensinar de maneira mágica a se tornar insuperável diante da sua mente.

A mente não é um vilão de filme de herói. Ela é uma eterna adversária que possui uma grande força sobre a gente. Não há maneira fáceis de eliminar integralmente os efeitos cruéis que a mente tem sob a nossa vida.

Não há fórmulas prontas para lidar consigo

Longe de mim desqualificar profissionais da área de saúde mental. Eu realmente não só reforço a ideia de que todos precisam de suporte profissional para a mente, como pessoalmente, tenho tido essa prática como uma atividade corriqueira e necessária para um pouco de sanidade.

A questão primeira é: Como garantir equilibro emocional se não há controle das situações?

Um dia, estamos diante de um sorriso de quem amamos, vivendo um momento que sempre sonhamos, brindando por uma besteira qualquer diante, e num golpe de imprevisibilidade, a pessoa que ama decide não estar mais contigo.

Podemos estar diante do emprego que sempre sonhamos, fazendo aquilo que nos dá prazer, sendo recompensado financeiramente para isso, e, num giro mortal de eventualidade, o cenário se torna-se o posto e sermos dispensamos sem qualquer pudor.

Não caio no truque moderno do jogo de palavras. Essa história de trocar nomes das coisas para amenizar realidades é um truque sujo que não ajuda a sanidade mental. Precisamos dar o nome as coisas conforme realmente devem ser chamadas.

Alcançar uma maturidade que nos leva a cura de uma doença mental é aprender a lidar de frente com as dificuldades que nos atrapalham a realizar uma leitura límpida da realidade.

Precisamos não ter medo de olhar para um ponto crucial da nossa dificuldade e aprender a reconhece-lo conforme ele se apresenta. O truque mais perigoso que podemos fazer para a gente é fingir que o que sentimos não é o que sentimos.

Mantendo o “alerta canalha” ativado

Como identificar um falso ajudador? Essa é uma tarefa completamente complicada já que pessoas fragilizadas tendem a desconsiderar ou passar batidas por sinais claros e evidentes de que alguém está a enganando. No entanto, acredito que um diagnóstico pode ser:

• Quando estiver diante de uma realidade em que uma pessoa precisa falar muito sobre o quanto ela faz, ou reforçar sua autoridade com títulos e diplomas, desconfie. Muito da autoridade de pessoas pode ser apenas boa lábia e um ótimo marketing pessoal. Ninguém deveria ter a sua credibilidade atrelada a seu currículo, mas sim as ações e resultados práticos.
• Profissionais fajutos atuam como um ator em cena, ele tende a despertar no seu público uma sensação de “ele me entende o tempo inteiro”. Juntamente com isso, repare no quanto ele se acha a pessoa mais importante do mundo.
• Gente que parece muito segura de si, que tem opinião sobre tudo, que tem estabilidade emocional muito aguçada sem deslizes, e possui um perfil para ser um influenciador e líder implacável, geralmente é um abusador.
• O falso guru tende a ser um mentiroso patológico. Talvez ele mesmo não se dê conta de que está acrescentando elementos em sua realidade. Ele se comporta como alguém que trabalha em cima de narrativas que escondem seus fracassos reais ou fazem dos seus deslizes apenas uma ferramenta para atingir a boa-fé dos mais fracos e se projetar como exemplos.
• Há uma dimensão que talvez nunca percebemos. Muitos deles tem a sede por adrenalina. Ele precisam sentir que a monotonia não os prende, então começam a criar técnicas de marketing mirabolantes, a criar teorias e métodos muito diferenciados e que causam impacto e discussão no mercado. É justamente por isso que cada dia mais a venda de serviços de miraculosos é mais rentável.
• Além disso tudo, um falso coach não tolera quem coloca sua realidade à prova. Eles sempre tem uma reação estourada e desproporcional diante de contestações, insultos e ameaça. É um rei de vitimismo. Aqueles mais treinados ou populares conseguem agir como se nada tivesse acontecido, mas usam da sua autoafirmação para consolar-se.
• Embora uma falsa estratégia de coach pareça racional e planejada, boa parte desses caras omitem sua insatisfação pessoal e sua insegurança como uma regra social criando uma impressão que são guiados pelo prazer e pela alegria do experimentar todo tipo de reação.
• Eles não se preocupam com pessoas e não se importam com a dor do outro. Suas emoções só existe em palavras. Seus compromissos são apenas com seus objetivos próprios e as pessoas são apenas fonte de status para atingir sua realidade ideal.
• Um falso coach se comporta não como um real treinador, mas como um pai, e gera no seu cliente a sensação de total dependência. Isso não só torna a coisa mais rentável como lhe traz a adrenalina do poder.

O que espero ter lhe oferecido aqui não é um guia para contribuir com um discurso de descrédito com determinadas profissões, mas sim uma cartela de exames que ajude pessoas a não serem mais enganadas massivamente por outras pessoas que não se importam com desenvolvimento, mas sim em atingir uma evidência para conquistar poder, fama, dinheiro e credibilidade.

Todo vez que ver um perfil desse, fuja o mais rápido que conseguir ou você estará com a sensação de que tudo isso é bobeira. E, no final, descobrirá que este texto não é um discurso de ódio, mas um alerta importante.

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Se você tiver qualquer dúvida pode me enviar um e-mail para diogenesjunior.ti@gmail.com.

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