Krysar 1985

Adaptação de Jiri Barta do conto europeu O Flautista de Hamelin

Publicado em 2 de outubro de 2017

 

 

Em Maio de 2016, publiquei aqui no site um texto sobre o Flautista de Hamelin, popular conto europeu escrito em 1284 na cidade de Hamelin, Baixa Saxónia, Alemanha. Encontrei um raro filme de 1985 criado por Jiri Barta, que fez uma feliz adaptação do conto, dando a trama elementos e simbolismos talvez mais ricos que a própria história original.

 

No filme, temos a apresentação de uma cidade e sua pontual rotina e os inúmeros afazeres de seus moradores. A principio uma cidade comum cheia de trabalhadores, mas olhando mais de perto, vemos que são pessoas avarentas, violentas, corruptas, gananciosas e egoístas, e praticamente todos comentem um ou mais pecados capitais, uns escondidos, outros para quem quiser ver.

 

O filme retrata bem a passagem do tempo e a repetição dos atos dos moradores, até que em dado momento, para cada pecado que um morador comede, um rato surge na cidade, e assim com o passar dos dias mais e mais ratos acabam surgindo. A principio passavam despercebidos, mas como tempo, eles se tornaram incomodam correndo e destruindo tudo, de forma que os moradores começaram a cobrar dos governantes e príncipes da cidade uma solução para o problema, e assim retornaram a rotina que eles estão tão acostumados.

As primeiras medidas obvias como matar os roedores com venenos e armadilhas parecem não surtir efeito, talvez até funcionassem, mas sempre mais e mais ratos chegavam, a ponto que até as próprias pessoas começaram a ser atacadas por eles.

 

É nesse ponto que surge o “herói” da trama, um ermitão ou mago chega a cidade, prometendo acabar com os ratos. Os governantes felizes com a solução prometida pelo forasteiro, prometem lhe pagar em ouro, caso todos os ratos sejam removidos da cidade.

O personagem então com um flauta, hipnotiza os ratos com sua canção e mata todos eles fazendo com que se afoguem em um rio que rodeava a cidade, e assim o problema foi magicamente resolvido. Ao cobrar a dívida, acontece o que já esperamos, os governantes se recusam a pagar, alegando que foi muito fácil a tarefa, e logo não merece o pagamento.

E aqui entra a principal diferença dessa adaptação, o flautista mágico não se indigna e vinga dos moradores, ele apenas vira as costas e vai embora, enquanto é zombado pelos governantes. Porém, perto da saída da cidade, ele se depara com uma situação: uma jovem pura e espiritual, é cercada por um príncipe evidentemente bêbado e violento que tenta corteja-la com joias e presentes, e mesmo com as esquivas dela ele tenta força-la a aceita-lo. Em uma noite de festa, esse mesmo príncipe, nobres e até membros do governo da cidade, estão mais bêbados que o comum, e acabam indo até a casa da jovem, a estupram e a matam.

 

Esse é estopim da fúria do nosso herói, revoltado com o cumulo de violência e escarnio dos moradores da cidade, ele resolve tocar a sua flauta mais uma vez, mas dessa vez, a canção hipnotiza os próprios moradores que vão se transformando em ratos e da mesma forma, morrem afogados no rio que matou os ratos iniciais que geraram toda a trama.

Ao final, vemos um pescador que estava livre dos pecados da cidade, entrando na agora cidade fantasma sem nenhum morador, até que ele ouve o choro de um bebê, que agora era órfão já que seus pais morreram. O pescador pega a criança no colo, e agora ele será o cuidador dela, provavelmente dando uma nova história para até então, cidade pecaminosa.

 

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Fontes e Referências

The Pied Piper, Krysar (1985) – Jiri Barta

 

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