Mas afinal, para que serve então a Astrologia e Taro?
Se você leu os 8 itens que mostrei acima, agora você deve estar se perguntando “ué mas para que serve então, se não é para me contar o futuro?”. Essa mistica que de signos e as cartas servem unicamente como meio de adivinhação faz parte do inconsciente coletivo da maioria das pessoas. E não é atoa, quantos já não viram por ai placas, lugares e boatos de pessoas como ciganos, cartomantes ou médiuns que com o uso de cartas, signos, bolas de cristais, borra de café, linhas das mãos, búzios ou qualquer outro objeto “acertaram” ou disseram “exatamente como eu sou” sem conhecer a pessoa ou a história.
Existem pessoas que usam qualquer coisa dentro de um credo como ferramenta de predição, mas, não necessariamente essa ferramenta foi construída para aquilo.
Como exemplo, cito a Numerologia, que consiste em usar uma combinação de números para se saber características ou predições de futuro usando combinações de números (não que a numerologia seja para isso, mas creio que muitos de nós já vimos em programas da tarde da televisão brasileira, “profissionais” usando numerologia para prever o futuro). Com essa imagem na mente, seria um erro acharmos que os números não uma fraude por que são usados na numerologia, iremos abandonar a Soma, a Subtração, a Multiplicação ou a Divisão, por que afinal, a numerologia é usada para prever o futuro, logo os números são malvados.
Se você concorda que a analogia acima é um absurdo, ou seja, condenar os números por que a alguém usa a numerologia de forma errada, deveria fazer o mesmo com a Astrologia e o Taro, e dar mais uma chance para compreender o que essas duas ferramentas tem de objetivo pratico, afinal se a sua soma de 4+4 deu 6, não é a soma que é do Diabo, você que está usando a soma de maneira errada.
A popularização desses temas é grande na nossa sociedade, por que o homem moderno é preguiçoso, ele não quer ter o trabalho de assumir a culpa por seus atos, ele quer que algo ou alguém assuma a culpa no lugar dele, é como se tirasse um peso das costas, “ufa, a culpa não é minha de ser ter sido ignorante, culpa do meu ascendente em Aries”, “eu fui demitido por que a Lua em Touro, e Saturno retrogrado tornaram minha situação na empresa complicada”, “o mês está complicado por que estou no meu inferno astral”, essas são frases comuns de pessoas que usam o esoterismos para culpar os mais diversos acontecimentos em suas vidas. Mas será que só o esoterismo que é usado como formula de escapa de se assumir as consequências dos próprios atos?
Pergunte para um motorista a culpa pelo transito de São Paulo: “Ora, a culpa são os motoqueiros, dos ônibus e essas faixas exclusivas e dos Ciclistas, bando de Folgados!!”, e se perguntarmos para um motoqueiro? “Ora, os motoristas são uns folgados! Eles perseguem os motoqueiros!”, e os ciclistas então? “Ora, os motoristas são os culpados, egoístas capitalistas que querem nos matar!!”, aposto que ninguém irá responder “o transito é ruim por que eu dirijo mal e agressivamente”, afinal é tão mais simples por a culpa no outro, em vez de assumir que o erro está em nós.
Nessa mesma lógica, por que seu casamento deu errado? “Ah ele era de Capricórnio, muito frio”, por que você está triste? “A Lua em Câncer me deixou sensível”, por que você gritou com todo mundo? “Marte! Marte retrogrado está em conjunção com o meu ascendente me deixou belicoso, impaciente”, tenho certeza que você já ouviu (ou falou) frases como essa.
Segundo Aristóteles, o central da responsabilidade, todo problema que começa com “Eu” é “Meu”, não é do sistema, não é do governo, não é da Lua, não é da Carta do dia, não é do “Encosto” e nem da maldição, ou seja, assumir a responsabilidade. Um caso pessoal, eu tenho um certo problema com horários, costumo chegar atrasado a encontros ou reuniões. Por que isso acontece? Será meu ascendente em Touro, elemento terra fixo, regido por Vênus que me atrapalha a cumprir horários? NÃO, e sim minha falta de planejamento e de como gerir e organizar o tempo, isso é responsabilidade, assumir a culpa por nossos próprios erros, vícios e indisciplina.
Nós somos construtores da nossa histórias, “Eu sou Eu, e minhas circunstancias” (Ortega e Gasset), “Não importa o que a vida fez com você, e sim o que você fez com o que a vida fez com você” (Jean-Paul Sartre). Então não terá “destino”, “signos”, “cartas”, “profecias” que poderão superar o seu poder agir, escolher, remover, incluir coisas e atitudes na sua vida.
Uma coisa que sempre me chamou a atenção, são os religiosos que combatem com vigor e determinação qualquer assunto esotérico, em foco aqui nesse texto, signos e taro. Segundo eles Deus não está nessas coisas, e logo essas coisas são do diabo. Porém não vejo diferença entre os charlatões que usam astrologia e taro para prever o futuro, das “profecias” comuns e “pop” no meio protestante:
Exemplos de Charlatões: do esoterismo ao cristianismo: