Dossiê Arcanos Maiores #3: A Sacerdotisa

O mundo mudará menos com as determinações do homem do que com as adivinhações da mulher.

Publicado em 22 de Julho de 2019

 

A aproximadamente dois anos, publiquei aqui no site, toda a descrição de cada uma das 78 cartas do tarô clássico. De lá para cá, muitas experiências e conversas depois, esse conhecimento se expandiu, e agora vou publicar todo esse aprendizado atualizado.

 

O homem pode propagar e celebrar o Espírito Divino mas somente através da mulher o espírito se faz carne. É ela quem capta a centelha divina em seu ventre, a protege e alimenta e, finalmente, a gera na realidade. Ela é o vaso da transformação.

De maneira semelhante, suas mãos se unem para segurar o livro da profecia; ela aceita a Palavra com todo o seu ser. A touca ou coroa esconde os cabelos da mulher, sua “glorificação”, símbolo da atração sexual e de poder de sedução.

Atrás da Papisa estendeu-se um grande véu ou cortina sustentada por dois pilares, é evidente que ela está sentada à entrada de alguma coisa — talvez um templo ou santuário íntimo, de cujos mistérios é a guardiã.

Ela está quase enraizada no lugar, provavelmente sentada, imóvel. Sentimos que sempre esteve ali sentada e assim continuará até o fim dos tempos. Ao passo que o chapéu e a varinha do Mago sugerem ação e experiência, a tiara e o livro dela indicam contenção e tradição. Em contraste com a liberdade do Mago no espaço, os pilares da Papisa marcam as limitações da dura realidade.

O poder do Mago é o fogo: o poder quente, brilhante, rútilo do sol. O poder da Papisa é a água: o poder frio, escuro, fluido da lua. Ela controla por meio da força rápida, do conhecimento e da ideia. Ela governa pela lenta persistência, pelo amor e pela paciência feminina.

Os pilares reiteram a dualidade expressa no número dois da Papisa. Sua essência é o paradoxo. Ela abrange tudo, abarca assim o bem como o mal — até a vida e a morte. Ela, que é a mãe da vida, também preside à morte, já que tudo o que vive na carne precisa, um dia, morrer na carne. Somente a luz não confirmada do puro espírito é imortal.

A magia do Mágico, como o seu sexo, está na frente. A magia da Papisa, velada e oculta como os seus cabelos, está escondida pelas cortinas atrás dela? Onde quer que esteja escondido, o segredo da mulher, como o da natureza, permanecerá sempre oculto a penetração da consciência masculina.

Sentimos que o poder do Mago está, de certo modo, sob o seu controle consciente, que ele pode “usar de franqueza”. Não é este o caso da Papisa: a natureza da sua magia está escondida até mesmo dela. Acontece, em parte, “nas suas costas”, como está representado. Guardiã do nascimento e do renascimento, ela nos guarda, mas não os controla.

Assim, bem-aventurada a mãe, pois o Santo Espírito de Jesus vive nela, que com gosto assume todos os deveres do amor aos quais todos os jovens têm direito desde que nascem. E seu amor não quer asas, tão pesadas! Não liberdade, nem pensamento, nem consciência, nem ação; quer apenas todas as correntes; seus fardos, como são leves!

(O Arqueômetro)

 

Como aconteceu a Maria, a notícia do seu destino devia parecer ter descido inexplicavelmente como anunciação do céu. O parto era um santo mistério, e um mistério da mulher. Os primeiros limites sagrados que se conheceram foram os destinados ao parto. Assim o princípio feminino personificado em Ísis, Ishtar, Astarte, e depois em Maria, vieram a ser ligados não só ao nascimento no corpo, mas também ao renascimento numa nova dimensão de percepção, que transcende a carne.

Com o homem, o ato da propagação acontece fora dele, tanto física quanto psicologicamente. O homem pode ter uma dúzia de filhos sem jamais ter conhecimento de que o fez. Mas, em se tratando da mulher, a concepção e o próprio filho acontecem dentro do seu corpo no seu próprio ser. A partir do momento em que ela concebe, que o saiba quer não, a mulher está literalmente grávida de um filho. Seja qual for a sua atitude intelectual.

 

A Tradição Cabalística:

Acima de todos os anjos está colocada a Senhora Shechiná, que anda no palácio do Rei Supremo. Quando a Senhora se move, todos os exércitos celestes se movem com ela. Todas as mensagens que o Rei Supremo envia para baixo devem primeiro passar por suas mãos. E todas as mensagens deste mundo ao Rei Supremo chegam a ela, que as transmite.

Como todo pecado que o homem comete dá vida a um demônio, esses demônios são a barreira que se interpõe entre o santíssimo e a Shechiná.

O Rei é o Sol, enquanto a Rainha é a Lua, sua luz sendo a verdadeira reflexão da do Sol.

A oração existe por um múltiplo motivo: a perfeição do indivíduo, a restauração dos mundos destruídos, a libertação do bom do julgo do mau, o domínio da beleza sobre a feiura, a sujeição do baixo e do degenerado ao alto e nobre. Sabei que a oração é a forma mais alta de servir a Deus, é o momento também, em que Raquel — o símbolo da mãe Shechiná — se levanta todas as noites para chorar por seus filhos amados.

É bastante curioso que na Kabbalah, a letra que simboliza a Grande Sacerdotisa significa Paz e Guerra, ou seja, a mesma energia que pode trazer a paz, é a mesma que pode trazer a guerra. Outra referência curiosa é o título esotérico “Princesa da Estrela de Prata”, simbologia idêntica de Iemanjá das religiões afro, que as vezes é caracterizada como “olhos de espadas como a prata”, “olhos de prata”, ou “navio de prata”, essa semelhança, provavelmente pela associação da luz “prateada da lua” o oposto da “luz dourada do sol”.

É comum vermos em várias religiões e culturas essa imagem de uma grande presença feminina, e uma ligação com a Lua e a Água. E isso não poderia ser de outra forma:

Não importa quantas formas se desenvolvam a partir dela, a substância virgem permanece inalterada. Assim como a água, que mantém a matéria em suspensão ou em solução, esta substância continua sempre a mesma. Aqui também podemos encontrar a chave para o significado interior dos mitos da Virgem em todas as religiões.

Quase todos os estudiosos do Tarô encontraram essas indicações na Sacerdotisa. De fato, ela é frequentemente considerada a carta dos “Mistérios Interiores” ou do esoterismo, em oposição ao Papa (ou como é chamado em alguns tarôs, o Hierofante), que às vezes é identificado com a religião exotérica.

 

Simbolismo Lunar

O poder da Lua é muito sutil, porém muito forte. Controla as poderosas marés, daí o dizer-se que as lágrimas de Ísis governam as águas do Nilo. À diferença do Sol, que é constante, predizível e brilhante, a Lua é inconstante, velada e escura. A natureza da mulher é melancólica, mutável como a Lua, que pode trazer a nutrição dadora de vida, a seca ou as enchentes destrutivas, dependendo da fantasia da Grande Deusa.

Ambos os sexos estão sujeitos aos caprichos da deusa, mas as mulheres, graças ao seu parentesco com ela, acham-se habitualmente mais cônscias da sua influência e mais preparadas para lidar com ela. O ritmo do ciclo menstrual, com as mudanças de humor que o acompanham, ajuda a mulher a esperar o inesperado e a reconhecer e aceitar o irracional como parte da vida. O temperamento da mulher, como o da deusa, está mais relacionado com ritmos da natureza do que com sistemas de lógica.

 

Simbolismo da Água

O elemento a que ela se liga é a água. Na maioria dos mitos da criação, a água é descrita como o poder original receptivo, produtivo e construtor de forma. Das profundezas do oceano, do berço eternamente balouçante, se ergueu toda a criação, todas as formas de vida. Das profundezas do inconsciente se ergueu a própria consciência. Pois assim como o embrião individual está contido e alimentado no líquido amniótico, assim cada identidade individual está contida e é alimentada no profundo inconsciente de todo recém-nascido. Assim sendo, é do inconsciente que nasce a consciência. Simbolicamente, a mulher, de fato, é água: mare, mer, mêre e Maria.

Hoje em dia damos o nome de virgem a uma pessoa sexualmente pura. Originalmente, porém, a palavra “virgem” não tinha relação alguma com a castidade física. “Virgem” significava simplesmente “a mulher não casada”. Como assinala Esther Harding, visto que não pertencia a homem nenhum, a virgem pertencia a si mesma de um modo especial. Estava livre, portanto, para dar-se a Deus; psiquicamente aberta ao Espírito Santo. Virgem nesse sentido era o Oráculo de Delfos. Não se tratava de nenhum espírito desencarnado, que pairava por ali. A deusa pítia sentava-se, robusta e sólida, em sua carne, pois, a fim de receber o impacto do Espírito Santo, o vaso precisava ser forte.

Senhora Sacerdotisa, muitas mulheres acham hoje que a senhora deveria ser a número um do Tarô. Concorda com elas?

“De maneira nenhuma!” replicou ela. “Veja bem, faz séculos que o número um pertence ao Mago. Aliás, fica-lhe perfeito, não lhe parece? O número um é esguio e móvel como a varinha dele, ideal para o seu tipo de mágica. Mas não serviria de maneira alguma para carregar um bebê, cozinhar um caldeirão de sopa ou tramar uma intriga. Não, para a minha mágica não há nada melhor do que esse gozado e gordo número dois, Sinto-me felicíssima com ele”

Mas a senhora não preferiria ser a primeira?

“Você deve ler da esquerda para a direita, com certeza”, disse ela finalmente com os olhos fitos num ponto cerca de trinta centímetros acima da minha cabeça e com vários séculos de profundidade.

“Cada lugar tem o seu sabor — como as especiarias — ou os perfumes. Gosto de pensar que somos flores — o Mago, uma virga-áurea e eu, uma rosa.”

 

A carta da Grande Sacerdotisa do Tarô Rider Waite, em destaque as várias fases da lua (nos pés e sobre a cabeça), além do vestido que lembra uma correnteza de água. Além do mistério escondido atrás da cortina por detrás dela que aparentemente tem um oceano também. Algumas pessoas leem “tarôt” no pergaminho que ela tem em mãos, mas na verdade está escrito “tora” da tradição judaica.

 

A Papisa (como a sacerdotisa é chamada em alguns baralhos), essa versão é sem dúvidas a minha preferida. Ela tem uma feição mais velha do que a do tarô de Waite, o que me passa uma imagem de mais experiência. Além do que, repare que ela não está diretamente virada para você, e sim meio de lado, como se a atenção dela estivesse focada no papel sendo desempenhado por ela, do que necessariamente te dar atenção.

 

Em “The Wild Wood Tarot” a sacerdotisa é chamada de “The Seer” (A Vidente em português). A retratação aqui é de uma sacerdotisa do xamanismo tentando uma comunicação com espíritos animais ou espíritos ancestrais afim de uma visão ou vislumbre do passado, presente ou futuro. Em religiões ou filosofias mais antigas (principalmente as ligadas à natureza) é comum a figura feminina como o principal canal de comunicação entre diferentes realidades. Até hoje mesmo em reuniões cristã protestante, é comum que é a manifestação do dom de revelação (profecias) sejam em maior número em mulheres.

 

No “Goddess Tarot” a sacerdotisa é representada por Isis, talvez a maior sacerdotisa da história, não apenas por seus mitos e lentas como sacerdotisa do deus Sol egípcio, mas também pela fama das “sacerdotisas de Isis” no tempo de Dandara no Egito.

 

No Tarô Alquímico de Robert Place temos bastante presente os símbolos da água, da lua, do silêncio e da lei sobre a influência de uma personagem feminina. Observação interessante aqui é o navio de prata no formato da Lua onde ela está, porque esse mesmo símbolo também é encontrado nas religiões Afro ao retratarem Iemanjá a rainha dos mares, ora com o navio de prata, ou com olhos como espadas de prata.

 

No Tarô pagão temos a representação dessa mulher de poder exercendo um papel de sacerdotisa em alguma ordem mágica, provavelmente um ritual Wicca.

 

Umas das melhores representação do Arquétipo desse ser feminino representando um poder, é a personagem de Galadriel na mitologia do Senhor do Anéis, em especial no trecho de 3:33:

 

Analisando o Arquétipo

O conceito da Grande Mãe provém da História das Religiões e abrange as mais variadas manifestações do tipo de uma Deusa-Mãe. Em algum lugar, “em um lugar celeste” existe uma imagem primordial da mãe, preexistente e supra ordenada a todo fenômeno do “maternal” (no mais amplo sentido desta palavra).

 

O que é um Arquétipo

O termo “arquétipo” teve suas origens na Grécia antiga. É composto pelas palavras archein que significa “original ou velho” e typos que significa “padrão, modelo ou tipo”. O significado combinado é “padrão original” do qual todas as outras pessoas similares, objetos ou conceitos são derivados, copiados, modelados ou emulados:

Hoje em dia devemos partir da hipótese de que o ser humano na medida em que não constitui uma exceção entre as criaturas, possui, como todo animal, uma psique pré-formada de acordo com sua espécie, a qual revela também traços nítidos de antecedentes familiares, conforme mostra a observação mais acurada. Não temos razão alguma para presumir que acertas atividades humanas (funções) constituem exceções a esta regra. Não temos a menor possibilidade de saber como são as disposições ou aptidões que permitem os atos instintivos do animal. Da mesma forma, é impossível conhecer a natureza das disposições psíquicas inconscientes, mediante as quais o homem é capaz de reagir humanamente. Deve tratar-se de formas de função as quais denominamos “imagens”. “Imagens” expressam não só a forma da atividade a ser exercida, mas também, simultaneamente, a situação típica na qual se desencadeia a atividade. Tais imagens primordiais, uma vez que são peculiares à espécie, e se alguma vez foram “criadas”, a sua criação coincide no mínimo com o início da espécie. O típico humano do homem é a forma especificamente humana de suas atividades. O típico específico já está contido no gene. A ideia de que ele não é herdado, mas criado de novo em cada ser humano, seria tão absurda quanto a concepção primitiva de que o Sol que nasce pela manhã é diferente daquele que se pôs na véspera.

 

O arquétipo materno

Como todo arquétipo, o materno também possui uma variedade incalculável de aspectos. Menciono apenas algumas das formas mais características: a própria mãe e avó; a madrasta e a sogra; uma mulher qualquer com a qual nos relacionamos, bem como a ama de leite, a antepassada e a mulher branca; no sentido de transferência mais elevada, a deusa, especialmente a mãe de Deus, a Virgem, eventualmente também o tipo Cibele-Átis, ou enquanto filha amada — mãe rejuvenescida; a meta da nostalgia da salvação; em sentido mais amplo, a Igreja, a Universidade, a cidade, o país, o Céu, a Terra, a floresta, o mar e as águas quietas; a matéria, o mundo subterrâneo da Lua; em sentido mais restrito; como o lugar de nascimento ou da concepção, a terra arada, o jardim, o rochedo, a gruta, a árvore, a fonte, o poço profundo, a pia batismal, a flor como recipiente (rosa e lótus);

Todos esses símbolos podem ter um sentido positivo, favorável, ou negativo e nefasto. Um aspecto ambivalente é a deusa do destino (as Parcas, Greias, Nornas). Símbolos nefastos são as bruxas, dragão (ou qualquer animal devorador) e que se enrosca como um peixe grande ou uma serpente); o túmulo, o sarcófago, a profundidade da água, a morte, o pesadelo e o pavor infantil (tipo Empusa, Lilith, etc).

Seus atributos são o “maternal”; simplesmente a mágica autoridade do feminino; a sabedoria e a elevação espiritual além da razão; o bondoso, o que cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de crescimento, fertilidade e o alimento; o lugar da transformação mágica, do renascimento; o instinto e o impulso favoráveis; o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e fatal.

A filosofia samkhya elaborou o arquétipo materno no conceito de Prakrti, atribuindo-lhe os três gunas como propriedades fundamentais, isto é, bondade, paixão e escuridão. Trata-se de três aspectos essenciais da mãe, isto é, sua bondade nutritiva e dispensadora de cuidados, sua emocionalidade orgiástica e sua obscuridade subterrânea.

 

Manifestação do arquétipo materno na psique masculina

Pode parecer que esse arquétipo representa apenas uma imagem feminina presente apenas na mente das mulheres, mas essas imagens primordiais também se manifestam na psique masculina: um desenvolvimento do bom gosto e da estética, fomentados pela presença de um certo elemento feminino; podem ainda ocorrer dons de educador aperfeiçoado pela intuição e tato femininos ou um espírito histórico conservador no bom sentido que preserva cuidadosamente todos os valores do passado. Pode ocorrer um sentido especial de amizade que tece laços extremamente delicados entre almas masculinas, e até resgata a amizade entre os sexos da condenação ao limbo da impossibilidade. Pode produzir uma riqueza do sentimento religioso que ajuda a tornar a realidade uma ecclesia spiruatulis, e enfim uma receptividade espiritual que acolhe a Revelação.

E pode surgir um comportamento de “dom-juanismo”. O dom-juanismo negativo pode significar uma masculinidade arrojada, uma ambição por metas supremas, em seu aspecto positivo; além de uma violência frente a toda estupidez, obstinação, injustiça e preguiça. Uma prontidão para sacrificar-se pelo que reconhece como correto tocando as raias do heroísmo; perseverança, inflexibilidade e tenaz força de vontade; uma curiosidade que não se assusta diante dos enigmas do mundo; e, finalmente, um espírito revolucionário, que constrói uma nova morada para seus semelhantes ou renova a face do mundo.

Todas essas possibilidades estão refletidas nos mitos dos aspectos do arquétipo materno.

 

Uma conversa íntima com a Sacerdotisa

Para quem estuda o Tarô, ou busca um relacionamento com os arcanos, é comum usarem a prática do ritual do “Templo Astral”, que em breve pretendo escrever algo a respeito. Um resumo dessa prática é usar a imaginação ativa para construir na mente um local sagrado ou pelo menos de paz, para que se possa interagir com alguma imagem ou entidade de escolha da pessoa.

A descrição do tema, feita por Marcelo Deldebbio é mais completa:

O Templo Astral é uma das primeiras coisas que um estudioso de ocultismo aprende a fazer, em praticamente qualquer Ordem ou Fraternidade que ingresse. Ele é chamado de Oficina Astral, Sanctum, Templo, Local de Descanso, Santuário e muitos outros nomes.

Trata-se de uma construção no Plano Mental e Astral de um refúgio onde o magista pode descansar a mente, preparar uma viagem astral e guardar suas ferramentas. Trata-se de um local onde ele pode até mesmo realizar rituais se não dispor de espaço físico no Plano Material para tal.

 

Em 2016 tive uma experiência peculiar ao sentar diante da Sacerdotisa e tentar de alguma forma interrogá-la a fim de obter alguma resposta ou conhecimento. O trecho abaixo é um pedaço da anotação que fiz dessa experiência:

Perguntei ao Mago, tanto ao de Marselha como o de Rider Waite, como se tornar um mago e realizar ou ter os mesmos poderes que eles, para minha surpresa fui respondido com:

“Como podes querer fazer a magia que fazemos, usar instrumentos como os nossos se você não os conhece por completo? Antes de se fazer ou se preparar para a magia, deve-se primeiro conhecer os instrumentos que estão sob a mesa”;

O que faz muito sentido, não posso testar fogo e mercúrio em outros tipos de materiais sem saber como se dá a reação e propagação dos mesmos ao meio. No Mago de Marselha temos Ouro, Copas, Paus e Espadas, sem conhecê-los com destreza, a magia será perigosa e pode se voltar para mim mesmo.

A conversa com a Papisa foi mais ríspida por assim dizer, apesar dela estar disponível para minha consulta, parecia que ela não tinha muito crédito sobre o que eu poderia perguntar-lhe. Uma senhora experiente e sábia sem dúvida, mas de temperamento bem difícil, ou “fase da lua” não tão favorável para aquele momento.

Eu não lembro exatamente como era a minha questão para ela, mas a resposta foi quase como uma bronca, não sobre a minha curiosidade, mas sim, pela minha falta de sabedoria. Não porque ela não me tinha em estima, ou tinha algum tipo de desprezo (afinal ela me aceitou ali), mas sim como se uma criança de cinco anos perguntasse a um pai, sobre as questões que apenas com maturidade se pode compreender.

 
 

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Fontes e Referências

Os arquétipos e o inconsciente coletivo, C.G. Jung, Obras Completas 9/1, Editora Vozes;

O Zohar — O Livro do Esplendor, rabino Ariel Bension, editora Polar;

Jung e o Tarô — uma Jornada Arquetípica, Sallie Nichols, editora Cultrix;

O Tarô Cabalístico: um manual de filosofia mística, Roberta Wang, editora Pensamento;

Obrigado Ingrid Pereira e Val Felix pela revisão do texto.

 

Sígilo Diogenes Junior

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